No dia 14 de março, promovemos entre os alunos um abraço coletivo, a fim de trabalhar neles a importância da empatia, compreensão e a solidariedade com as pessoas ao redor. Algumas crianças e jovens fizeram desenhos expressando sentimentos que tomaram conta da comunidade escolar.
TEXTO REFLEXIVO: HÁ UMA TRAGÉDIA SILENCIOSA EM NOSSAS CASAS (Por Dr. Luís Rajos Marcos – Médico Psiquiatra)
Há uma tragédia silenciosa que está se desenvolvendo hoje em nossas casas e diz respeito às nossas joias mais preciosas: nossos filhos. Nossos filhos estão em um estado emocional devastador! Nos últimos 15 anos, os pesquisadores nos deram estatísticas cada vez mais alarmantes sobre um aumento agudo e constante da doença mental da infância que agora está atingindo proporções epidêmicas.
As estatísticas:
1 em cada 5 crianças tem problemas de saúde mental;
um aumento de 43% no TDAH foi observado;
um aumento de 37% na depressão adolescente foi observado;
um aumento de 200% na taxa de suicídio foi observado em crianças de 10 a 14 anos.
O que está acontecendo e o que estamos fazendo de errado? As crianças de hoje estão sendo estimuladas e superdimensionadas com objetos materiais, mas são privadas dos conceitos básicos de uma infância saudável, tais como:
pais emocionalmente disponíveis;
limites claramente definidos;
responsabilidades;
nutrição equilibrada e sono adequado;
movimento em geral, mas especialmente ao ar livre;
jogo criativo, interação social, oportunidades de jogo não estruturadas e espaços para o tédio. Em contraste, nos últimos anos as crianças foram preenchidas com:
pais digitalmente distraídos;
pais indulgentes e permissivos que deixam as crianças “governarem o mundo” e sem quem estabeleça as regras;
um sentido de direito, de obter tudo sem merecê-lo ou ser responsável por obtê-lo;
sono inadequado e nutrição desequilibrada;
um estilo de vida sedentário;
estimulação sem fim, armas tecnológicas, gratificação instantânea e ausência de momentos chatos.
O que fazer? Se queremos que nossos filhos sejam indivíduos felizes e saudáveis, temos que acordar e voltar ao básico. Ainda é possível! Muitas famílias veem melhorias imediatas após semanas de implementar as seguintes recomendações:
Defina limites e lembre-se de que você é o capitão do navio. Seus filhos se sentirão mais seguros sabendo que você está no controle do leme;
Oferecer às crianças um estilo de vida equilibrado, cheio do que elas PRECISAM, não apenas o que QUEREM. Não tenha medo de dizer “não” aos seus filhos se o que eles querem não é o que eles precisam;
Fornecer alimentos nutritivos;
Passe pelo menos uma hora por dia ao ar livre fazendo atividades como: ciclismo, caminhadas, pesca, observação de aves/insetos;
Desfrute de um jantar familiar diário sem smartphones ou tecnologia para distraí-lo;
Jogue jogos de tabuleiro como uma família ou, se as crianças são muito jovens para os jogos de tabuleiro, deixe-se guiar pelos seus interesses e permita que sejam eles que mandem no jogo;
Envolva seus filhos em trabalhos de casa ou tarefas de acordo com sua idade (dobrar a roupa, arrumar brinquedos, dependurar roupas, colocar a mesa, alimentação do cachorro etc.);
Implementar uma rotina de sono consistente para garantir que seu filho durma o suficiente. Os horários serão ainda mais importantes para crianças em idade escolar;
Ensinar responsabilidade e independência. Não os proteja excessivamente contra qualquer frustração ou erro. Errar os ajudará a desenvolver a resiliência e a aprender a superar os desafios da vida;
Não carregue a mochila dos seus filhos, não lhes leve a tarefa que esqueceram, não descasque as bananas ou descasque as laranjas se puderem fazê-lo por conta própria. Em vez de dar-lhes o peixe, ensine-os a pescar;
Ensine-os a esperar e atrasar a gratificação;
Fornecer oportunidades para o “tédio”, uma vez que o tédio é o momento em que a criatividade desperta. Não se sinta responsável por sempre manter as crianças entretidas;
Não use a tecnologia como uma cura para o tédio ou ofereça-a no primeiro segundo de inatividade;
Evite usar tecnologia durante as refeições, em carros, restaurantes, shopping centers. Use esses momentos como oportunidades para socializar e treinar cérebros para saber como funcionar quando no modo “tédio”;
Ajude-os a criar uma “garrafa de tédio” com ideias de atividade para quando estão entediadas;
Estar emocionalmente disponível para se conectar com crianças e ensinar-lhes autorregulação e habilidades sociais;
Desligue os telefones à noite quando as crianças têm que ir para a cama para evitar a distração digital;
Torne-se um regulador ou treinador emocional de seus filhos. Ensine-os a reconhecer e gerenciar suas próprias frustrações e raiva;
Ensine-os a dizer “olá”, a se revezar, a compartilhar sem se esgotar de nada, a agradecer, a reconhecer o erro e pedir desculpas (não forçar), ser um modelo de todos esses valores;
Conecte-se emocionalmente – sorria, abrace, beije, faça cócegas, leia, dance, pule, brinque ou rasteje com elas. FONTE: Centro de Educação Integrada (Membro das Escolas Associadas da Unesco).